O autismo em adultos, mesmo que diagnosticado nessa fase considerada tardia, quando aliado ao auxílio de profissionais especializados é fundamental para o autoconhecimento, melhora da qualidade de vida  e desenvolvimento do autista.  

Evoluímos muito no conhecimento e discussão sobre o transtorno do espectro autista (TEA) na infância, no entanto, quando voltamos o assunto à fase adulta, nos deparamos com pouca informação, experiências compartilhadas na internet, grupos de apoio e profissionais especializados disponíveis. 

Será que isso significa que as pessoas deixam de fazer parte do espectro com o avançar da idade? 

Claro que não!

O autismo é uma condição que perdura a vida toda, e por isso, compreender seu funcionamento em cada etapa da vida se torna  fundamental.

O que é o TEA?

Para iniciar, é importante entender o que é o TEA. 

Ao contrário do que ainda se acredita, o transtorno do espectro autista não é uma doença e sim uma variação do funcionamento típico do cérebro. Segundo o livro Guia DSM-5, manual de diagnósticos de saúde mental, o TEA é parte dos transtornos do desenvolvimento neurológico, no qual os sintomas costumam se manifestar logo nos primeiros anos de vida.

Entre alguns dos principais sinais que podem ser observados, estão: 

  • Déficits em funções de comunicação, sociabilidade e interação;
  • Presença de comportamentos repetitivos. 

 Níveis de autismo: quais são e como identificar? 

Acreditamos que o autismo é um para cada pessoa, apesar disso, existe uma classificação com o objetivo de facilitar a orientação adequada de apoio para cada indivíduo.

A classificação é dividida da seguinte maneira: 

Nível 1

Presença sutil de dificuldade para a interação social e troca de atividades, além de problemas leves de organização. 

Nesse caso, é exigido um apoio leve. 

Nível 2

Dificuldade maior para socialização, resistência para lidar com mudanças e presença de comportamentos repetitivos. 

Exige apoio moderado.

Nível 3

Déficit de comunicação verbal e não verbal de forma mais perceptível. Dificuldade em abrir-se também para interações que partiram de outros, muita dificuldade em mudanças, além de constantes comportamentos de repetição. 

Exige bastante apoio.

Diagnóstico do autismo em adultos 

Quando falamos em autistas diagnosticados tardiamente, costumamos observar um padrão principal:

Pessoas que manifestam sintomas leves!

Além de tudo, é comum que essas pessoas não tenham apresentado dificuldade durante o seu desenvolvimento da linguagem, que é muito associado ao transtorno, fora terem sido tidas como crianças tímidas e boazinhas somente, o que resulta na falta de investigações.

É comum que adultos com autismo sem diagnósticos na infância, tenha sido consideradas somente crianças mais boazinhas e tímidas. Na foto pai com filha pequena no colo.                                                                                             Foto/Reprodução: Vlada Karpovich

 

Adultos no espectro podem também aprender a “mascarar” os sintomas ao longo da vida, se esforçando para agir de maneira semelhante aos familiares e colegas típicos. Alexandre Valverde, médico psiquiatra pela Unifesp é um profissional que estuda e comenta bastante sobre esse processo.

Tratamento para o autismo em adultos 

Por não se tratar de uma doença, como já dissemos, o autismo não possui uma cura, no entanto, diferentes abordagens realizadas por uma equipe multidisciplinar, contribuem para que o adulto recém diagnosticado conquiste autoconhecimento, mais independência e também, um melhor desenvolvimento em diversos aspectos de sua vida. 

Diagnóstico do autismo em adultos. Na foto, paciente está sentada em um sofá verde com almofadas e está de frente com uma profissional conversando.                                                                                           Foto/Reprodução: de SHVETS production

Os profissionais que compõem essa equipe geralmente são:

  • psicólogo; 
  • psiquiatra; 
  • fonoaudiólogo;
  • nutricionista;
  • fisioterapeuta;
  • terapeuta ocupacional e outros. 

A necessidade de acompanhamento com esses profissionais é analisada individualmente, para um plano de intervenção eficaz.

O uso de medicamentos pode ser incluído no tratamento das comorbidades existentes e também é indicado de forma particular. 

Por fim, o mais importante é buscar sempre auxílio profissional em todas as etapas, esteja você em dúvida sobre estar ou não no espectro por se identificar com diversas características dele, tenha você recebido o diagnóstico recentemente e enfrentado a dificuldade de se reconhecer como autista e entender diversas coisas sobre si depois de tantos anos, ou mesmo que já tenha passado dessa fase e esteja confiante em viver um futuro com maior autoconhecimento. 

Você pode e deve ainda procurar uma rede de apoio junto de seus familiares, amigos ou autistas na web, afinal, compartilhar dificuldades e aprendizados faz toda diferença nessa jornada! 

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