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    Seletividade alimentar no Autismo. Na foto, menino com uma colherada de alimento pastoso na boca. Imagem/Reprodução: bearfotos - Freepik

    Caracterizada pela recusa em ingerir certos tipos de alimentos, a seletividade alimentar costuma estar bastante presente entre os autistas. Visto a importância de manter uma boa saúde variando os nutrientes, trouxemos hoje informações sobre o assunto. Acompanhe: 

     O que é seletividade alimentar?

    É identificada pela recusa em experimentar novos alimentos ou ainda pela seleção frequente de tipos muito específicos.  

    Podemos incluir ainda na seletividade alimentar a não aceitação das refeições em locais novos,  em horários diferentes dos habituais e também é possível acontecer na troca de utensílios ou apresentação de novos (louças, talheres etc). 

    É bastante comum que crianças autistas e também adultos apresentem a seletividade alimentar e, apesar de não ser exclusiva de quem se encontra no espectro, costuma afetar esse grupo de pessoas com muito mais intensidade do que as típicas, por exemplo. 

    Importante!

    Sabe-se da grande relevância da ingestão de diferentes vitaminas e nutrientes para um desenvolvimento de qualidade do corpo e mente, por isso, é essencial  observar, identificar e começar a trabalhar em prol da inserção de novos alimentos na dieta de seletivos. 

    Fatores que contribuem para a seletividade alimentar

    Um dos fatores que contribuem para a seletividade alimentar é a sensibilidade  — também conhecida por defensiva sensorial ou super responsividade sensorial,  uma reação exagerada que muitas vezes ocasiona aversão ou ainda uma resposta comportamental negativa (Cermak, Curtin, Bandini, 1994).

    Essa sensibilidade sensorial geralmente está atrelada a alimentos com texturas específicas, cheiros fortes e ainda a temperatura dos alimentos.

    na imagem penelas sobre um fogão (aparentemente quentes, devido ao vapor que sai) e outra na bancada. Imagem/Reprodução: Freepik

    Segundo pesquisa realizada com pais de crianças no espectro, 67% delas tinham seletividade alimentar, sendo 69% relacionadas à textura dos alimentos, na sequência, 58% associada à aparência, 45% ao sabor, 36% ao cheiro e por fim, 22% sendo a temperatura a responsável. 

    Entre os maiores desafios destacados pelos pais esteve ainda a apresentação e ingestão de alimentos que as crianças não haviam provado anteriormente (69%) (Cermak, Curtin, Bandini,  2010).

    Musculatura motora oral subdesenvolvida

    Além de tudo que citamos, autistas com seletividade alimentar severa têm o hábito de aceitar sempre os mesmos alimentos, sendo em sua maioria os macios. 

    Isso pode afetar a longo prazo de forma bastante negativa o desenvolvimento da musculatura necessária para mastigar alimentos rígidos, tais como carnes. 

    O que pais e cuidadores podem fazer?

    As recomendações a seguir podem ser utilizadas no dia a dia das refeições para contribuir na vida da criança com seletividade alimentar. 

    1 – Tenha uma programação diária das refeições com horários pré-estabelecidos;

    2-  Procure não ofertar lanchinhos casuais (fora dos horários das refeições). O apetite tende a contribuir na motivação da criança pela ingestão dos novos alimentos.

    Se possível, limite também o acesso a líquidos com sabor e diferentes ingredientes. Pela facilidade, muitas crianças preferem ingerir sucos e achocolatados para se saciar ao invés de aguardar para fazer uma refeição completa que exija maior esforço. 

    A água está liberada para o dia todo, claro!

    3- Crie tradições que voltem à atenção da criança para a hora da refeição. 

    Na imagem, Mãe quebrando um ovo sobre uma tigela. Filha na frente olha contente para a receita que está sendo preparada. Imagem/Reprodução: peoplecreations - Freepik

    O aviso para lavar as mãos,  um convite para ajudar a esticar a toalha na mesa ou levar itens que serão utilizados como talheres e  guardanapos e permitir que a criança escolha o  prato e copo favoritos para aquele lanche, almoço ou jantar, tendem a deixar o momento muito mais divertido.

    Você também pode incluir sua criança no processo de preparo das receitas, dando tarefas como lavar legumes em um pote com água, misturar a massa de um bolo ou biscoitos caseiros etc. 

    Como família, vocês podem até aderir ao hábito de cultivar mudinhas de temperos que gostem. 

      Na imagem, menina cuida de mudas em uma pequena horta em espaço interno. Essa prática pode ajudar autistas com seletividade alimentar a terem maior interesse por novos ingredientes. Imagem/Reprodução: Freepik

    4- Incentive a independência da criança durante a alimentação.

    5- Não utilize eletrônicos durante as refeições.

    6- Ao apresentar ou reintroduzir um alimento, não os dê sozinhos e direto a criança, prefira inicialmente ofertar aqueles que possuam sabor semelhante aos que ela já conhece e gosta, o mesmo vale para a aparência. 

    Dar porções bem pequenas e permitir que sejam experimentadas sem grande pressão, também são motivadores para uma experiência mais positiva. 

    7 – Aproveite o lúdico para introduzir novos alimentos! 

    A infância com seletividade alimentar pode trazer muitos desafios, no entanto, é possível utilizar da imaginação presente neste período para ajudar a sua criança a ser nutrida com mais dinamismo. Você pode fazer uso de historinhas, por exemplo e sistemas de recompensa, se estiver de acordo com o tipo de educação que oferta em sua família e a recomendação do profissional que os acompanha.

    Lembrando sempre que cada criança é única e diferentes métodos e abordagens podem funcionar com cada uma delas. 

    Como fazer a criança engolir a comida?

    Oferecer o alimento e aproximá-lo da criança é um passo, fazê-la engolir e realmente se saciar com a opção servida pode ser um desafio extra! 

    Você poderá perceber  no início que alimentos pastosos serão melhor aceitos, tais como:

    – purês,

    – iogurtes, 

    – molhos etc. 

    No primeiro ou primeiros contatos, alimentos novos picados podem até ser aparentemente aceitos, mas é comum a criança ficar com eles na boca, sem engolir e cuspir na sequência.

     Se isso ocorrer, explore diferentes formas de preparo que o alimento permite.

    Uma compota de frutas pode ser melhor aceita que a fruta inteira ou em fatias, bem como legumes, que podem ser oferecidos em forma de purê para uma criança que só aceita pastosos.

     Conforme observar progresso, vá aumentando as quantidades até a ideal. 

    Importante ao trabalhar na alimentação daqueles que possuem seletividade alimentar: 

    Não se frustre ao elaborar uma receita com carinho e sua criança aceitar uma quantidade mínima, não comer nada ou apenas mexer nela com os dedos, o principal, é que ela tenha a oportunidade de ir se familiarizando com as características daquele preparo. 

    Na foto, menina pequena está sentada em frente a uma mesa esticando o braço para espetar frutas que encontram-se em um pote. Imagem/Reprodução: gpointstudio - Freepik

     É no lar que iniciamos a construção de hábitos que levamos para a vida toda, portanto, o exemplo dos pais e cuidadores somados ao auxílio e direcionamento de um profissional da área, podem e costumam ser decisivos na aceitação de novos sabores. 

    Questões alimentares também estão ligadas a fatores comportamentais em inúmeros casos, por isso, uma ambiente  agradável pode trazer muita qualidade aos momentos das refeições, concorda? 

    Agora queremos saber da sua experiência com a seletividade no autismo!

     Como tem sido para você? 

    Está no início da jornada com a sua criança, trilhando sua própria jornada ou já pôde viver grandes progressos? 

    Compartilhe conosco nos comentários! 

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